sexta-feira, 16 de abril de 2010

Só UMA coisa eu quero...

Só UMA coisa

Bom dia amados. A paz de Cristo.

O Evangelho de hoje está em Jo:6,1-15

1. Depois disso, Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, ou seja, de Tiberíades.
2. Uma grande multidão o seguia, vendo os sinais que ele fazia a favor dos doentes.
3. Jesus subiu a montanha e sentou-se lá com os seus discípulos.
4. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
5. Levantando os olhos e vendo uma grande multidão que vinha a ele, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que estes possam comer?”
6. Disse isso para testar Filipe, pois ele sabia muito bem o que ia fazer.
7. Filipe respondeu: “Nem duzentos denários de pão bastariam para dar um pouquinho a cada um”.
8. Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse:
9. “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas, que é isso para tanta gente?”
10. Jesus disse: “Fazei as pessoas sentar-se”. Naquele lugar havia muita relva, e lá se sentaram os homens em número de aproximadamente cinco mil.
11. Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes.
12. Depois que se fartaram, disse aos discípulos: “Juntai os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
13. Eles juntaram e encheram doze cestos, com os pedaços que sobraram dos cinco pães de cevada que comeram.
14. À vista do sinal que Jesus tinha realizado, as pessoas exclamavam: “Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo”.
15. Quando Jesus percebeu que queriam levá-lo para proclamá-lo rei, novamente se retirou sozinho para a montanha.

Amados, a Palavra de Deus para nós hoje, como sempre, é riquíssima para nossa reflexão. Quem não conhece esta passagem? Jesus, com 5 pães, deu de comer a 5.000 homens. Este foi um dos maiores milagres produzidos por Cristo de uma só vez. Já havia curado dezenas, senão centenas, mas de forma esparsa, um aqui, dois ali, os que aceitavam a salvação. Mas assim, de uma só vez, mais de 5.000 pessoas? Isto mesmo, mais de 5.000 pois sabemos bem que naquela época, as mulheres e crianças não eram contadas. E como se estava por ocasião da Páscoa, a multidão deveria ser grande mesmo, pois gente de todos os povoados viriam à cidade-mãe para comemorar a festa dos judeus. Jesus chama um de seus discípulos e testa a sua fé, perguntando-lhe onde arranjariam alimento suficiente para todo aquele povo. E o discípulo lhe respondeu que nem todo o dinheiro que havia com eles daria para comprar tanto alimento assim. No entanto, um outro discípulo, André, apresentou a Jesus um menino que trazia em uma cestinha apenas 5 pães e dois peixes. Um fato interessante aqui é a questão de como aquele menino sabia que Jesus e os discípulos procuravam como alimentar toda a multidão. De certo, os seguidores de Jesus procuravam ver com eles se alguém tinha algo que se pudesse dividir, de forma a alimentar aos irmãos. E aí entra esse garotinho, com sua cestinha, que deveria conter o alimento de sua família, e entrega a Cristo, procurando fazer a sua parte para ajudar e crendo que a vontade de Cristo se cumpriria na vida de todos. E isto realmente ocorreu. Todo o povo se alimentou e ainda sobraram doze cestos mais com os pedaços de pães que sobraram. E todos glorificavam a Jesus, vendo nele o cumprimento das profecias a respeito do Messias.

Sintam a riqueza dessa leitura para hoje. Trata de partilha, de ajuda, de fazer a sua parte, sem se importar se o irmão ao lado também fará ou não. E, acima de tudo, crê que a vontade de Deus se cumprirá em nossas vidas, de forma tão abundante que restarão sobras, transbordando cálices, enchendo cestos.

Queridos irmãos, o Salmo de hoje também se apresenta riquíssimo para um exame de consciência cristã e eu gostaria de dividir com vocês. È o salmo 27 de Davi, que extraio os seguintes trechos dos versos 4 e 14: “Só uma coisa peço ao Senhor e a peço incessantemente: poder habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida e contemplar a sua beleza... Espera no Senhor e sê forte, fortalece o teu coração e espera no Senhor.”

Como sabemos, Davi era o homem segundo o coração de Deus. Deus escolheu a Davi, um excluído da própria família, um garoto, para guiar o seu Povo. Davi sabia que andando reto nos caminhos do Senhor poderia ter tudo o que quisesse, que o Senhor sempre lhe proporcionaria vitórias contra seus inimigos, riquezas, prestígio, etc. E isto era tão verdadeiro que nem Saul conseguiu matar Davi. Mas Davi, com a pureza de seu coração pedia a Deus somente uma coisa, só uma, de forma incansável: poder habitar na casa de Deus.

Habitar na casa de Deus meus irmãos, é andar nos seus caminhos, obedecer a seus mandamentos, pois assim contemplaremos a beleza de sua face, estaremos debaixo de sua graça, seguro por Suas mãos. É só isto que Davi queria. Ele bem sabia que nada neste mundo, nenhuma riqueza se comparava ao amor de Deus. Que tudo neste mundo era passageiro. E nisto Davi acreditava de todo coração. Ele tinha fé e procurava esperar no Senhor pelas suas promessas.

Talvez aquele garotinho soubesse essa parte das escrituras, ou não. Não se sabe. Mas pelo que podemos observar, aquela criança tinha fé e creu que aquele que falava à multidão era de fato o Senhor. E soube escutá-lo. Sem se importar com o que os outros do povo estavam fazendo ou deixando de fazer, se apresentou com o que tinha de alimento para poder partilhar com o povo. Ele creu no Senhor e esperou o cumprimento da promessa de saciar a fome de milhares.

Queridos, quantas vezes em nossa vida nós deixamos de nos preocupar com nós mesmos, para partilhar às vezes o pouco do que temos com alguém que precisa, com alguém que tem menos ainda? Nos preocupamos se o irmão deu uma esmola, ofertou na comunidade, mas não olhamos para nós mesmos, e paramos para pensar se a nossa oferta, além de ser de coração, está ou não abaixo de nossas possibilidades? Será que tenho esperado em Deus ou preocupo-me comigo mesmo se amanhã terei alguma coisa?

Como já sabemos, tantas pessoas ficaram desabrigadas recentemente em virtude das chuvas que assolaram o Estado do Rio. Nossas igrejas abrigaram dezenas delas, outras centenas estão espalhadas pelos alojamentos criados pela prefeitura e pelo Estado. Será que já saímos do nosso lugar e fomos ofertar nossos pães e peixes para ajudar a alimentar a essa gente toda? Ou não o fizemos porque o fulano falou que vai fazer, porque o que tenho é pouco inclusive para mim, ou mesmo porque de nada vai adiantar o pouco que tenho porque não vai conseguir ajudar toda essa gente? E não falo somente de alimento. Falo de uma palavra amiga, de se doar um pouco do seu tempo para amaparar espiritualmente um irmão, para levar-lhe animo. Como está a nossa fé naquele que prometeu nunca desamparar o seu povo? Onde está nossa fé em Jesus?

Meus queridos, é hora de pararmos para refletir. E as leituras de hoje são propícias para isso. Partilhar o pão. Fazer a nossa parte sem nos importar com quem também está fazendo ou não, sem se importar com o amanhã. Centrar nosso coração em Cristo e jamais se desviar Dele. Pedir que Ele renove sempre nossa fé. Poder habitar na sua casa, trilhar o seu caminho em todos os dias de nossas vidas. Só assim contemplaremos a sua bondade, a sua misericórdia, a sua beleza, as maravilhas suas em nossas vidas.

Pensemos nisto.

Na paz de Cristo. E que Ele nos abençoe.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jesus te chama...leiam com atenção

Salve amados, a paz de Cristo.

Como todos tem ciência, as últimas chuvas que cairam no RJ deixaram dezenas de mortos e centenas de desabrigados, passando necessidades. E elas estão precisando de você. É uma ótima oportunidade para exercitar a caridade, a humanidade, para levar o Cristo que há dentro de você aqueles irmãos que agora precisam mais que antes.

Hoje trago ao conhecimento de todos, um apelo que circula por nosso vicariato norte, onde o Pe Leandro roga pela ajuda dos que se enontram possibilitados a ofertar, ainda que somente um tempo em suas vidas tão corrida. Leiam com atenção ao seu comunicado:

"Amigos(as),
Hoje recebemos em nossa paróquia 52 pessoas vindas da Comunidade do Urubu, de Pilares. Destas, cerca de 30 são crianças. Precisamos juntar esforços para dar um pouco de ajuda a elas.
Precisamos de:
copos, pratos e garfos descartáveis, pão, café, acúcar e leite em pó, alimentos perecíveis (isso mesmo, perecíveis!): frutas, alface, cebola, tomate, batata, carne... para as refeições cotidianas
papel higiênico, sabonetes, escova e creme dental (higiene pessoal), absorventes femininos, fraldas infantis, lenço humedecido, hipoglós.

Por enquanto, não há necessidade de alimentos não perecíveis. Quase todas as crianças estão em escolas ou creches. Uma kombi da prefeitura virá para levá-las e trazê-las nos horários próprios.
Seria muito importante também uma ajuda afetiva: bater papo (sem invadir a privacidade do salão onde estão os colchonetes), ajudar a ocupar o tempo (principalmente das mulheres...),
recreação para as crianças, bate-papo com as famílias etc.

Atenção:

Não é hora de fazer proselitismo religioso. Nada de pregações. Há pessoas de outras religiões e vamos respeitá-las. Nosso ser cristão aparecerá num gesto de acolhida, numa oração simples (sem estardalhaço) etc.

Há a presença da Guarda Municipal durante a madrugada. Durante o dia, as pessoas da prefeitura estarão por aqui para tomar conta e prestar as assistências necessárias, mas qualquer um pode se oferecer para qualquer ajuda. É só conversar com as assistentes sociais. Há um funcionário da prefeitura para fazer a comida. Quem quiser, pode ajudar a picar ou cortar legumes, folhas etc e a servir a comida...

Amanhã, pela manhã, algumas pessoas da nossa paróquia vêm ajudar no café da manhã.
Alguns já ajudaram MUITO desde o início da tarde. MEU SINCERO MUITO OBRIGADO.

Recebemos muitas doações no fim de semana. Tudo o que chegou levamos para a Igreja N.Sra. da Consolata, de Benfica, que dá assistência à Mangueira.

Meu carinho e orações agradecidas a todos vocês.

Boa noite pra todos(as).

Pe. Leandro
Paróquia Imaculada Conceição e S. Sebastião
Rua Catulo Cearense,26 - Eng. Dentro
Tel. 2599-9900/2569-2244
"

Amados, como esta paróquia, outras também precisam de nossa ajuda. O nosso pároco mesmo comunicou isto na missa dominical.

Não fiquemos inertes ao chamado. É Deus nos chamando. É preciso saber ouvir aos sinais. Vamos dar testemunho de nosso Cristo Ressuscitado.

Na paz de Cristo.

JAG/PASCOM/SAP

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Saber ouvir...

Salve amados, a paz de Cristo.

Hoje é quarta feira, mais um dia que o Senhor fez para nós para que Nele nos alegremos e exultemos.

Hoje quero iniciar este post com votos de felicidades para o meu amado pastor, Pe. Wagner Toledo Moreira, pároco da Igreja Santo Antonio de Pádua, no Cachambi, RJ. Ontem ele completou 14 anos de sacerdócio, 14 anos a serviço de Deus. Que Deus o conserve amado pároco e que o Espírito Santo o ilumine sempre, renovando sua fé e seu ministério a cada dia.

A Palavra de hoje está no evangelho de João 3:16-21


16. De fato, Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.
17. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.
18. Quem crê nele não será condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho único de Deus.
19. Ora, o julgamento consiste nisto: a luz veio ao mundo, mas as pessoas amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
20. Pois todo o que pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas.
21. Mas quem pratica a verdade se aproxima da luz, para que suas ações sejam manifestadas, já que são praticadas em Deus

A passagem acima é continuação do relato de João a respeito dos ensinamentos de Jesus a Nicodemus, um dos chefes dos judeus. Nicodemus era um fariseu, chefe do povo e portanto, inteligente, conhecedor da lei e gozava de prestigio entre todos. Segundo João Nicodemuns foi uma noite ao encontro de Jesus e, reconhecendo ser Ele o enviado de Deus, se coloca a escutar seus ensinamentos. E dentre eles, Jesus vai mostrar o amor de Deus para com seu povo. Que ao enviar seu filho, não o fez como forma de condenação mas sim, de salvação. O filho de Deus havia sido dado em sacrifício para a salvação do mundo, de forma que todo aquele que crer em Jesus tenha a salvação, a vida eterna, o livramento do mal. E continua dizendo que aquele que não crê, aquele que não se aproximar de Jesus, não terá a salvação prometida e perecerá.


Amados, estamos vivendo o período pascal denominado oitava da Páscoa ou segunda semana da Páscoa. Passaram-se pouco mais de 7 dias que Jesus Ressuscitou. Ele está vivo e vive em nosso meio. É neste período meus queridos, que somos chamados a ser testemunhas desta ressurreição. Somos lembrados que pela água e pelo sangue que jorraram na Cruz, fomos libertos do pecado e, portanto, preparados para a missão. E Jesus mostra isso hoje para nós. Jesus ensina a Nicodemus, um fariseu. Sabemos que os fariseus eram judeus arrogantes e julgavam-se conhecedores e cumpridores da lei, mais do que qualquer outro do povo. Não era raro hostilizarem os pobres, usando das leis como armas contra os humildes, aprisionando-os. Mas Nicodemus foi procurar Jesus e o fez a noite, por razões óbvias, para que ninguém o visse dando ouvido Aquele que se dizia o enviado de Deus. Nicodemuns pode ser apresentado a nós como exemplo de humildade. Senão um humilde, ao menos alguém que sabiamente se coloca a escutar aos outros para depois formar seu juízo. A verdade é que aquele Chefe dos Judeus reconhece através das obras de Jesus, ser Ele o enviado Deus e se permite aprender com Ele. Jesus então, traçando um paralelo entre o antigo testamento, se coloca a mostrar aquele fariseu o real sentido dos mandamentos de Deus e suas promessas de salvação para o seu povo amado, fazendo com ele uma aliança, ao enviar o seu único filho, não para condenar o povo, para exterminar como quando os anjos agiam, mas para trazer a libertação, trazer ao mundo a paz, o amor. Mas para isso, era necessário que o mundo reconheça Nele o Cristo e creia; pois aquele que crer será salvo, terá a vida eterna. Mas o que não crer, o que fechar os ouvidos aos seus ensinamentos, os que preferirem continuar agindo como agem, mesmo depois de lhe serem abertos os olhos, estes perecerão, estes já estarão condenados.

Vejam amados, o quão importante é a humildade. Podemos dizer que ser humilde é o primeiro passo para a nossa conversão. Nos despirmos de nossos conceitos, de nossas verdades, é de suma importância para um aprendizado ideal. Ninguém é dono da verdade. Isto é uma verdade absoluta. Mas a verdade está nas Escrituras e Nele é que devemos buscar os ensinamentos que irão mudar nossas vidas, nossa forma de ver o mundo, de ver o outro. Saber ouvir demonstra interesse em aprender e respeito. Dizem que saber ouvir é uma arte. E o é. É um verdadeiro exercício de humildade, da humildade que deve ter o cristão. E como isso é difícil. Não raro termos atitudes tão arrogantes como qualquer fariseu da época de Cristo. Nos arvoramos de termos conhecimento, de sabermos mais que os outros. Até mesmo que os mais velhos julgamos saber. Tratamo-os de forma esnobe, deixando-os de lado, exilando a muito do convívio social. Tratamos aos pobres com desdenho, pré julgando a falta de conhecimento para as coisas e não raro nos aproveitarmos disso para colocar aos outros debaixo do jugo da “lei”.

Mas a reflexão de hoje não fica somente aqui em saber ouvir. Está também em ir ouvir, ir buscar o conhecimento. Também dentro da característica da humildade está o “ir” ao encontro do outro para escutar. Ainda que tenhamos estudo, conhecimento, nunca sabemos tudo. Sempre há alguma coisa que precisamos aprender, que precisamos conhecer, ou mesmo relembrar, afinal, não raro nos desviarmos de fazer a coisa certa e, por costume, julgarmos estarmos corretos em nossos agir. Portanto, é preciso que nos livremos das amarras do orgulho e tratemos de ir buscar conhecimento, de buscar a verdade. Mas é preciso que se diga ainda que não há necessidade de se fazer isto em segredo. Que te importa se outros virem? Os humildes herdarão o reino dos céus. Lembremo-nos disso.

Feliz páscoa... que Deus nos abençoe.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Chorar com os que choram... sorrir com os que sorriem...

Salve amados, a paz...

O Evangelho de hoje está em Jo. 21: 1-14

1. Depois disso, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim:
2. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Gêmeo, Natanael, de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos dele.
3. Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Nós vamos contigo”. Saíram, entraram no barco, mas não pescaram nada naquela noite.
4. Já de manhã, Jesus estava alí na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus.
5. Ele perguntou: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
6. Ele lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis”. Eles lançaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes.
7. Então, o discípulo que Jesus mais amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu e arregaçou a túnica (pois estava nu) e lançou-se ao mar.
8. Os outros discípulos vieram com o barco, arrastando as redes com os peixes. Na realidade, não estavam longe da terra, mas somente uns cem metros.
9. Quando chegaram à terra, viram umas brasas preparadas, com peixe em cima e pão.
10. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
11. Então, Simão Pedro subiu e arrastou a rede para terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rasgou.
12. Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
14. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.


Meus queridos, João hoje nos relata mais uma, uma terceira aparição de Jesus aos seus discípulos, mas como eu já dizia ontem, certamente Jesus apareceu mais do que essas três vezes, afinal, o discípulo amado relata o que viveu ou no muito o que conseguiu lhe chegar aos ouvidos. Mas hoje não quero fazer meu devocional somente sobre o evangelho. As outras leituras propostas, como sempre, nos trazem material para uma reflexão riquíssima, e isto eu vou tentar partilhar com vocês.

Agora a pouco escrevia eu no twitter que hoje é mais uma sexta feira, mais um dia que o Senhor fez para nós, para que Nele nos alegremo-nos e exultemos (Sal: 118, 24). E continuei escrevendo que esta alegria só não era total em virtude das tragédias que vem assolando o mundo, deixando diversos desabrigados, feridos e mortos. Agora mesmo recentemente aqui no Rio de Janeiro, em Niterói, houve o desabamento de um morro, soterrando cerca de 200 pessoas. Como estas pessoas podem se alegrar no Senhor neste dia? Para quem está a salvo das calamidades, é fácil dar glória, mas para quem perde um ente querido, um filho recém nascido ou mesmo na tenra idade sofre, se desespera, perde as vezes até o pouco de fé que ainda lhe resta. E como estas situações são propícias para que o homem se perca de Deus. É nestes momentos que se faz mais do que necessária a ajuda, não só financeira ou material, mas sobretudo, espiritual.

Em Hebreus, 4, Paulo hoje continua nos lembrando das promessas de Deus quanto a descansar no lugar que fora destinado por Ele ao seu povo. O apóstolo nos lembra que assim como a Moisés, Deus nos fala atualmente pela boca de seu Santo Filho, Jesus. E nos traz a lembrança o alerta do Altíssimo em não endurecermos nossos corações e ouvirmos a sua voz. No tempo de Moisés o povo andava pelo deserto e a cada sofrimento lamuriava, blasfemava, chegaram até rejeitar Deus e maldizer que preferiam continuar sendo escravos em um país estrangeiro. Isto lhes endurecia os corações, impedindo-os de ouvir a voz de Deus e afastando-os mais e mais da Terra prometida. E por isso vagaram por mais de 40 anos pelo deserto. Paulo vai dizer ao final da passagem de hoje, que a Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Julga os pensamentos e as intenções do coração. (Hb. 4: 12). Nisto, lembra a nós que cremos, que não devemos nos deixar desviar dos caminhos de Deus. Por mais que seja nosso sofrimento, nós que cremos, devemos lutar para sempre reforçar nossa fé e esperar o cumprimento das promessas do Senhor ao seu povo.

Mas como cristãos nossa obrigação não para em ter fé. Como diz o salmista: “Aleluia! Celebrai ao Senhor, porque Ele é bom; eterna é Sua misericórdia” (Sl. 118: 1). E como podemos celebrar ao Senhor? O que significa celebrar ao Senhor? Lembram de ontem quando Jesus falava aos discípulos em uma das suas aparições e dizia a eles que eram testemunhas do que viam e que deveriam dar esse testemunho ao mundo. Dar testemunho, amados é antes de tudo, levar o Cristo que está dentro de você aos outros. É ver no irmão o Ressuscitado. Lembra que em todas as aparições os discípulos não reconheciam a Jesus fisicamente? Só quando este lhes falava ou repartia o pão é que aqueles que o seguiram antes da crucificação tinham então a certeza de que se tratava do Cristo, do filho amado de Deus? Pois é queridos, dar testemunho é partilhar do pão, do peixe, da água, da túnica. Levar Jesus aquele que precisa agora é tarefa do Cristão. É o momento oportuno para fazê-lo. Em uma passagem, Paulo e outro discípulo são parados por um aleijado que esmolava e, não tendo nada de material a oferecer, deram o que eles tinham: a paz de Cristo e a cura de seus males, em nome de Jesus.

Pois façamos isto hoje. Exercitemos nossa crença, nossa fé no Ressuscitado, levando a Jesus aqueles que hoje estão sofrendo em demasia. Levemos uma palavra de apoio para mostrar-lhes que Deus tem uma promessa para suas vidas; que Deus não os esqueceu, e que dias melhores virão. E se mesmo isso não lhe for possível fazer, seja por motivo qualquer, não se esqueça que você é intercessor. Interceda, proste-se em oração, rogue ao Senhor pelas vidas que sofrem, pelas almas que se perderam, por tudo o que tem acontecido não só no Rio, mas em todo o mundo como temos visto desde o início do ano. Paulo nos lembra em Romanos 2, que "diante de Deus não são justos os que ouvem a lei, mas serão tidos por justos os que praticam a lei". Portanto, devemos nos amar mutuamente, como o Senhor nos amou ao ponto de dar a vida por nós. Sirvamos ao Senhor de todo o coração; choremos com aqueles que choram e alegremo-nos com os que se alegram. (Rm. 12: 15). Sofrer, todos nós sofremos. O que nos resta é saber sofrer em Deus. Dizemos que Ele é nosso refúgio e fortaleza e perguntamos a quem temeremos. Será que falamos isto da boca para fora? Será que não temos fé e não cremos nas Escrituras que juramos seguir? Portanto, como Paulo disse também em Romanos, “sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. Socorrei às necessidades dos fiéis. Esmerai-vos na prática da hospitalidade. Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os, e não os praguejeis”, mas que nossas ações não sejam fingidas, que não façamos como os fariseus.

Hoje é o dia que o Senhor fez para nós. Todos nós. Nele, em Deus, devemos buscar nosso descanso, nosso refúgio e, amparados, Nele alegrar-nos e exultarmos seu Santo e precioso nome. Estendamos a mão aquele que necessita. Levemos nosso Cristo aquele que sofre. Levemos a alegria de estar guardado por Aquele que Vivo está.

Na Paz de Cristo Ressucitado..

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Testemunhando a Cristo

Evangelho Lc. 24:35-48


35. Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

36. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”

37. Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um espírito.

38. Mas ele disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração?

39. Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um espírito não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.

40. E dizendo isso, ele mostrou-lhes as mãos e os pés.

41. Mas eles ainda não podiam acreditar, tanta era sua alegria e sua surpresa. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”

42. Deram-lhe um pedaço de peixe assado.

43. Ele o tomou e comeu diante deles.

44. Depois disse-lhes: “São estas as coisas que eu vos falei quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.

45. Então ele abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras,

46. e disse-lhes: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia,

47. e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.

48. Vós sois as testemunhas destas coisas.



Paz amados, a paz de Cristo Ressuscitado.


Hoje continuamos a ver o relato de Lucas onde o evangelista nos conta os momentos vividos pelos discípulos após a morte de Jesus. Até então, Jesus aparecera a poucos, como a Maria na porta do sepulcro, aos discípulos que caminhavam para Emaús, e talvez há mais alguns não citados na bíblia, mas que certamente mereceram a atenção de Cristo.

Hoje vamos ver que os discípulos de Emaús, após caírem em si e se aperceberem que Aquele que havia caminhado com eles e partilhado a refeição na estalagem era o ressuscitado, voltam a Jerusalém e procuram pelos outros discípulos, os quais as escrituras nos dão conta de serem em um grande número, além dos 11 principais, os mais chegados. Os dois começam então seus relatos e contam como o reconheceram, como reconheceram a Jesus ao partir o pão. E nisto aparece no meio deles o próprio Cristo, saudando-lhes com votos de paz. Todos os que estavam reunidos tremem assustados pensando estarem vendo coisas, fantasmas, mas Jesus vai tranqüilizá-los e mostra-lhes através de suas chagas que está de volta, em carne e osso, como predisseram as escrituras. E continua dizendo aos presentes que tudo aquilo que haviam vivenciado era o que Ele ensinava antes dos acontecimentos. E explicando, abriu a inteligência deles para que entendessem as escrituras. Ao fim deste momento, diz Cristo aos presentes o que está nas escrituras: “o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém”. E assim convoca a todos a serem testemunhas do que haviam visto.


Amados irmãos em Cristo, cada dia que passa me alegro mais e mais neste Jesus que me ressuscitou dos mortos, desse Cristo que me estendeu a mão e me chamou a caminhar com Ele. Devo confessar aos irmãos que tenho encontrado pedras no meu caminho e não raras vezes tenho tropeçado feio, mas não desisto. Minha família e meus amigos não me deixam desistir. São meus “cirineus”, pacientes ao ponto de me estenderem a mão, mesmo que eu insista em não querer. Isso só serve a demonstrar que o processo de conversão é dolorido, é custoso, é difícil. Mas se queremos realmente seguir aquele que deu a vida por nós devemos sempre tentar e tentar. A cada momento. Jesus nos conhece. Ele conhece ao povo que lhe foi dado por herança e chama a cada um pelo nome. Sabe nossas realidades e nos oferece o perdão. Por isso não desisto. Eu sou um cristão e não desisto nunca.


Mas a reflexão para hoje está em dois aspectos do evangelho: primeiro, aquele momento de descrédito onde os discípulos precisam tocar em Jesus para certificarem-se de que as promessas foram cumpridas, e depois ao fato de Jesus novamente chamar-lhes para levar a boa-nova a toda criatura, dando testemunho do ressuscitado.


Como dizia ontem, é da natureza do ser humano ser incrédulo, precisar tocar as coisas para certificarmos de que realmente existe, de sorte que, se não vermos, se não pudermos tocar, não existirá. Em contraponto, colocamo-nos a acreditar em nossa imaginação e vemos “fantasmas” em diversas coisas e fatalmente nos atemorizamos, trememos na base tomados pelo medo. Mas como nos vemos livres disso? Como nos livramos dos nossos temores? Como podemos acreditar senão vemos? Se não vimos como os discípulos viram? Se por mais que eu faça nunca consiga realizar nada em minha vida? Jesus disse uma vez que felizes são aqueles que creram sem terem visto (Jo. 20: 29); um salmista vai dizer para esperarmos em Deus e Ele tudo o fará (Sl. 36: 5). Muitas passagens da Bíblia nos trazem a esperança de dias melhores, de vitória, de paz. Mais nada do que nela está contido nos servirá se não tivermos fé, se realmente não crermos naquilo que nos é apresentado como as promessas do Altíssimo. “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc. 16:16). Então, primeira coisa, ter fé. Crer que Ele ressuscitou e está VIVO no meio de nós.


O segundo aspecto da minha reflexão está no chamamento à missão. Aos discípulos reunidos, a nós que cremos, Jesus vem chamar-nos a sermos testemunhas de tudo o que foi vivenciado, de tudo o que foi vivido e levando nosso testemunho, anunciar ao mundo, em Seu nome, a conversão para o perdão dos pecados, a todas as nações, a todos os povos. Assim, Cristo nos exorta a sermos missionários, a sair em missão do anuncio da boa-nova, a pregar a conversão dos pecados ao mundo, a toda criatura das mais diversas nações. Se pela fé vivemos a Palavra, pela nossa fé devemos anunciar a Jesus. E aí entra a parte mais importante e difícil de nossa missão. A conversão deve ser anunciada a começar por Jerusalém, deve ser iniciada a começar por nossa casa, por dentro de nós, por nosso coração. Ah! Como é difícil. Como posso anunciar a paz de Cristo se eu mesmo vivo em guerra com familiares, com vizinhos, com amigos? Como posso dar testemunho de piedade e compaixão se não tenho isso para com aqueles que erram para comigo? Como posso ser aquilo que Jesus me pede para ser se “caio” sempre que tropeço? Por isso é preciso estar sempre em vigília. É preciso estar atentos e, a todo momento, cuidarmos para não tropeçarmos nas dificuldades da vida que nos levam a pecar. E não menos importante: não desistir nunca. Jamais. E para isso é necessário estarmos sempre em comunidade pois é lá que encontraremos nossos “cirineus” que nos ajudarão nessa caminhada. Não devemos nunca temer nada. Não devemos nos atemorizar em virtude dos percalços da vida. Lembremos sempre: A paz do ressuscitado chegou até nós. Ele está conosco e caminha ao nosso lado, dando-nos serenidade e força para caminharmos. Creiamos, nos convertamos e saiamos para anunciar isto.


Na paz de Cristo...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Reconhecendo ao Ressuscitado

Salve amados,

Ultimamente tenho tido pouco tempo para aparecer por aqui. Mas não esqueço desta minha “casa”, deste lugar em que posso partilhar meu devocional, minha busca a Cristo.

Esta semana que passou pude celebrar com minha comunidade, a de Santo Antonio de Pádua, a nossa Semana Santa, onde pudemos refletir e viver com o coração, toda a paixão, desde a entrada em Jerusalém até sua crucificação, e a glória do Senhor, a nossa Páscoa. Com isso, liturgicamente entramos no tempo pascal que se estenderá até a celebração de pentecostes, em maio. Nesta semana entramos na Oitava da Páscoa, onde buscamos celebrar toda aquela semana em um único dia. E por isso nós dizemos que a Páscoa dos cristãos é eterna, não é celebrada em uma única data do ano, mas durante todos os dias do ano, através da Eucaristia, que foi instituída por Cristo na Santa Ceia. È ao redor da mesa, ao redor do altar, que relembramos diariamente o sacrifício de Jesus para, ao final, celebramos a sua ressurreição na comunhão. Por isso as celebrações não devem ser meramente acompanhadas, mas vividas por todos. Mas vamos a reflexão de hoje.

Evangelho
Lc. 24:13-35

13. Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém.
14. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
15. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles.
16. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo.
17. Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste,
18. e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?”
19. Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo.
20. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram!
22. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo
23. e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo.
24. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”.
25. Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram!
26. Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?”
27. E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele.
28. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante.
29. Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles.
30. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles.
31. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles.
32. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”
33. Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos.
34. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”
35. Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.



Esta passagem do Evangelho nos relata dias após a morte de Jesus e nos mostra a tristeza que se abatera sobre o povo que o seguia. Entristecidos, desanimados e ao mesmo tempo incrédulos, dois dos discípulos de Cristo caminhavam por uma estrada, indo embora da cidade de Jerusalém para onde certamente teriam ido acompanhado-o. Jesus se aproxima deles, indagando-os pelo motivo de tal tristeza. Mas eles não o reconhecendo, devolvem-lhe a pergunta, indagando se por acaso não sabia o que tinha acontecido, contando-lhe que haviam ido a Jerusalém acompanhando aquele que iria libertar o povo, que sofreria, mas ao terceiro dia ressurgiria em toda sua glória; mas que esse tempo havia passado e nenhum sinal do Salvador fora visto, a não ser pelo relato de algumas mulheres que haviam ido ao túmulo onde o haviam enterrado e nada encontraram a não ser as suas vestes. Jesus vendo a tristeza de seus seguidores, resolve então explicar-lhes todas as partes das Escrituras que relatavam aquele momento e as profecias da ressurreição, até que chegando a um vilarejo, buscam hospedagem para o pernoite e, à mesa, o Senhor partilha o pão com os dois e logo em seguida desaparece. Aí começam a entender e ver que Aquele que esteve com eles era o Senhor que ressuscitara.

Olhem amados, que linda passagem. Sintamos a riqueza dos acontecimentos. Sintamos o fogo do Espírito Santo ardendo em nossos corações como ocorreu aos discípulos de Emaús, como é conhecida essa passagem. Ela nos mostra primeiramente que nunca, mas nunca mesmo, caminhamos sozinhos. Ela nos mostra que Jesus está sempre conosco, nós que o amamos e o glorificamos e que o seguimos, principalmente em nossos momentos de tristezas, de pouca fé.

Quem diz que cristão não se abate está enganado. Cristão se abate, se entristece, se deprime, se irrita e também por vezes tem a fé abalada. A vida que o mundo nos oferece é dura, não é fácil. Seja para os jovens ou adultos, a caminhada é difícil. É a falta de emprego, problemas financeiros, de saúde, etc. Muita coisa acontece para nos desanimar, para abalar nossa confiança, nossa fé. Parece até estamos vivendo no deserto, que estamos caminhando sem rumo. Agora mesmo, ontem, dia 6 de abril, em que foram contabilizadas mais de 100 mortes em virtude das chuvas que assolaram o Estado do Rio de Janeiro. Como falar de Deus para as familias dessas pessoas que perderam seus entes queridos? Quantas famílias que ficaram desabrigadas, que perderam o pouco que tinham, que muitas das vezes passam a vida toda juntando os trocadinhos para poderem adquirir as coisas, suas casas, suas mobílias e tudo foi-se embora. É triste. É desanimador. Falar em esperança numa hora dessas é até tomado como ofensa. Então é licito se entristecer, afinal o homem tem coração, se magoa. Mas é aí que o cristão vai diferenciar, pois não deve permanecer nestas situações de mágoa. O cristão pode até cair, como Cristo caiu varias vezes em sua via crucis, mas tem que se levantar, tem que reviver, tem que buscar nas escrituras, o motivo para sua alegria, para o animo, para a vida nova. Ainda que não encontre pelo caminho o seu Cirineu, certamente vai ter Jesus ao seu lado, ajudando, confortando seu espírito. É preciso que busquemos a Cristo. É preciso que não viremos nossas costas e nos afastemos do local onde foi realizado o sacrifício. Essa busca pela nova vida é que nos leva a Eucaristia, é o que nos leva a mesa do Senhor, ao altar, onde celebramos a vida eterna, onde vamos ver que Aquele que esteve conosco, dando-nos animo, nos levantando, nos tirando do abismo é o Senhor que ressuscitou. Mas para isto é preciso que estejamos com o nosso coração aberto à vinda do Salvador, que saibamos reconhecê-lo quando o escutarmos. Paulo vai falar isto em Hebreus (Heb. 3: 7-10) alertando-nos para nosso descrédito, nossa má vontade em escutar a voz de nosso Senhor, lembrando-nos do que acontecera com o povo saído do Egito que endureceu o coração e pôs Deus à prova, padecendo durante 40 anos no deserto.

7. Por isso — como diz o Espírito Santo —, “hoje, se ouvirdes a sua voz,
8. não endureçais os vossos corações, como na rebelião, no dia da tentação, no deserto,
9. onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras
10. durante quarenta anos. Por isso, irritei-me com essa geração e afirmei: sempre se transviam no coração e desconhecem os meus caminhos.

Pensemos nisto.

Na paz de Cristo,