quarta-feira, 7 de abril de 2010

Reconhecendo ao Ressuscitado

Salve amados,

Ultimamente tenho tido pouco tempo para aparecer por aqui. Mas não esqueço desta minha “casa”, deste lugar em que posso partilhar meu devocional, minha busca a Cristo.

Esta semana que passou pude celebrar com minha comunidade, a de Santo Antonio de Pádua, a nossa Semana Santa, onde pudemos refletir e viver com o coração, toda a paixão, desde a entrada em Jerusalém até sua crucificação, e a glória do Senhor, a nossa Páscoa. Com isso, liturgicamente entramos no tempo pascal que se estenderá até a celebração de pentecostes, em maio. Nesta semana entramos na Oitava da Páscoa, onde buscamos celebrar toda aquela semana em um único dia. E por isso nós dizemos que a Páscoa dos cristãos é eterna, não é celebrada em uma única data do ano, mas durante todos os dias do ano, através da Eucaristia, que foi instituída por Cristo na Santa Ceia. È ao redor da mesa, ao redor do altar, que relembramos diariamente o sacrifício de Jesus para, ao final, celebramos a sua ressurreição na comunhão. Por isso as celebrações não devem ser meramente acompanhadas, mas vividas por todos. Mas vamos a reflexão de hoje.

Evangelho
Lc. 24:13-35

13. Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém.
14. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
15. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles.
16. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo.
17. Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste,
18. e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?”
19. Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo.
20. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
21. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram!
22. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo
23. e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo.
24. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”.
25. Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram!
26. Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?”
27. E, começando por Moisés e passando por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele.
28. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante.
29. Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles.
30. Depois que se sentou à mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu a eles.
31. Neste momento, seus olhos se abriram, e eles o reconheceram. Ele, porém, desapareceu da vista deles.
32. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”
33. Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos.
34. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!”
35. Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.



Esta passagem do Evangelho nos relata dias após a morte de Jesus e nos mostra a tristeza que se abatera sobre o povo que o seguia. Entristecidos, desanimados e ao mesmo tempo incrédulos, dois dos discípulos de Cristo caminhavam por uma estrada, indo embora da cidade de Jerusalém para onde certamente teriam ido acompanhado-o. Jesus se aproxima deles, indagando-os pelo motivo de tal tristeza. Mas eles não o reconhecendo, devolvem-lhe a pergunta, indagando se por acaso não sabia o que tinha acontecido, contando-lhe que haviam ido a Jerusalém acompanhando aquele que iria libertar o povo, que sofreria, mas ao terceiro dia ressurgiria em toda sua glória; mas que esse tempo havia passado e nenhum sinal do Salvador fora visto, a não ser pelo relato de algumas mulheres que haviam ido ao túmulo onde o haviam enterrado e nada encontraram a não ser as suas vestes. Jesus vendo a tristeza de seus seguidores, resolve então explicar-lhes todas as partes das Escrituras que relatavam aquele momento e as profecias da ressurreição, até que chegando a um vilarejo, buscam hospedagem para o pernoite e, à mesa, o Senhor partilha o pão com os dois e logo em seguida desaparece. Aí começam a entender e ver que Aquele que esteve com eles era o Senhor que ressuscitara.

Olhem amados, que linda passagem. Sintamos a riqueza dos acontecimentos. Sintamos o fogo do Espírito Santo ardendo em nossos corações como ocorreu aos discípulos de Emaús, como é conhecida essa passagem. Ela nos mostra primeiramente que nunca, mas nunca mesmo, caminhamos sozinhos. Ela nos mostra que Jesus está sempre conosco, nós que o amamos e o glorificamos e que o seguimos, principalmente em nossos momentos de tristezas, de pouca fé.

Quem diz que cristão não se abate está enganado. Cristão se abate, se entristece, se deprime, se irrita e também por vezes tem a fé abalada. A vida que o mundo nos oferece é dura, não é fácil. Seja para os jovens ou adultos, a caminhada é difícil. É a falta de emprego, problemas financeiros, de saúde, etc. Muita coisa acontece para nos desanimar, para abalar nossa confiança, nossa fé. Parece até estamos vivendo no deserto, que estamos caminhando sem rumo. Agora mesmo, ontem, dia 6 de abril, em que foram contabilizadas mais de 100 mortes em virtude das chuvas que assolaram o Estado do Rio de Janeiro. Como falar de Deus para as familias dessas pessoas que perderam seus entes queridos? Quantas famílias que ficaram desabrigadas, que perderam o pouco que tinham, que muitas das vezes passam a vida toda juntando os trocadinhos para poderem adquirir as coisas, suas casas, suas mobílias e tudo foi-se embora. É triste. É desanimador. Falar em esperança numa hora dessas é até tomado como ofensa. Então é licito se entristecer, afinal o homem tem coração, se magoa. Mas é aí que o cristão vai diferenciar, pois não deve permanecer nestas situações de mágoa. O cristão pode até cair, como Cristo caiu varias vezes em sua via crucis, mas tem que se levantar, tem que reviver, tem que buscar nas escrituras, o motivo para sua alegria, para o animo, para a vida nova. Ainda que não encontre pelo caminho o seu Cirineu, certamente vai ter Jesus ao seu lado, ajudando, confortando seu espírito. É preciso que busquemos a Cristo. É preciso que não viremos nossas costas e nos afastemos do local onde foi realizado o sacrifício. Essa busca pela nova vida é que nos leva a Eucaristia, é o que nos leva a mesa do Senhor, ao altar, onde celebramos a vida eterna, onde vamos ver que Aquele que esteve conosco, dando-nos animo, nos levantando, nos tirando do abismo é o Senhor que ressuscitou. Mas para isto é preciso que estejamos com o nosso coração aberto à vinda do Salvador, que saibamos reconhecê-lo quando o escutarmos. Paulo vai falar isto em Hebreus (Heb. 3: 7-10) alertando-nos para nosso descrédito, nossa má vontade em escutar a voz de nosso Senhor, lembrando-nos do que acontecera com o povo saído do Egito que endureceu o coração e pôs Deus à prova, padecendo durante 40 anos no deserto.

7. Por isso — como diz o Espírito Santo —, “hoje, se ouvirdes a sua voz,
8. não endureçais os vossos corações, como na rebelião, no dia da tentação, no deserto,
9. onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras
10. durante quarenta anos. Por isso, irritei-me com essa geração e afirmei: sempre se transviam no coração e desconhecem os meus caminhos.

Pensemos nisto.

Na paz de Cristo,

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