quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Montando o seu presépio

Salve meus queridos, estou de volta mais uma vez neste dia, agora para falar de um dos símbolos do natal, ou melhor, de um dos símbolos que reúne vários significados.

Hoje estava na Comunidade Coração Novo, da qual sou um dos colaboradores, e me deparei não com um, mas com alguns presépios montados e distribuídos pelos cômodos da casa. Nesse momento, me dei conta que até então não havia montado o meu presépio, embora já estejamos hoje no término do 9º dia do mês de dezembro.

Enquanto observava aquelas estruturas montadas, me veio a mente a reflexão do significado de se montar um presépio, afinal, esta é uma prática que fazemos em nossos lares há muito tempo. Contudo, muitos de nós o fazemos – montamos um presépio - em virtude da tradição, afinal, “cristãos” que somos todos em virtude do batismo que nos realizam no nascimento, temos em nossas vidas os símbolos religiosos que nos remontam a datas importantes e significativas como é, por exemplo, o natal. Fazendo isto por pura tradição, não nos apercebemos na simbologia que existe em cada momento retratado na estrutura de um presépio. E é sobre isto que quero falar um pouco neste post.

Nos conta a história que Francisco, de Assis, montou o primeiro presépio que se tem notícia. Conseguiu alguns apetrechos e levou para a floresta a fim de explicar o sentido do natal aos camponeses e outras pessoas humildes que muitas vezes ficavam fora das celebrações litúrgicas. O presépio foi todo montado a partir dos relatos dos evangelistas que revivem em nossas mentes o momento do nascimento do Cristo. Então vamos ver.

Como sabemos, Jesus não nasceu na terra de seus pais como seria o mais acertado. O Rei Herodes, sabendo que um “rei” nasceria dentre o povo, se coloca a tentar matar aquele menino tão logo nascesse. José, alertado pelo anjo de Deus, pega Maria e se coloca a viajar para outra cidade para fugir da ameaça e perigo eminentes.

Começamos a pensar aqui. Há 2009 anos nascia o menino Jesus e por força do destino, para fugir da Sua destruição, Ele é obrigado a nascer fora de sua cidade. Como estamos no preparo da “cidade” de Jesus para o seu nascimento? Se Jesus naquela época nasceria em uma determinada cidade, hoje Ele tem nascimento dentro de nossos corações, no nosso interior. Como estamos preparando a casa de Jesus hoje para que Ele nasça? Será que sempre temos de obriga-lo a viajar milhares de quilometros para que novamente não seja crucificado, não seja morto?.

Pois bem, José e Maria viajam e já tendo anoitecido procuram, sem sucesso, um canto, um lugar para pousarem, mas batem de porta e porta e não encontram um lugar. Ao casal, é oferecido um estábulo ao lado de uma estalagem. Mais uma vez vemos Jesus sendo rejeitado mesmo antes de nascer. Se antes o demônio já buscava por derramar seu sangue, agora o povo não o recebe. Será que ninguém está vendo o sofrimento de uma mãe que encontra-se as portas de dar a luz? Talvez até o vejam, mas seus corações estão por muito endurecidos a ponto de não se pertubarem com os gemidos que certamente Maria estava soltando por se aproximar as dores de um parto.

Ah, pobre casal santificado. Mas poucos ou ninguém sabia o quanto de riqueza estavam trazendo consigo. Mas eles, Maria e José, sabiam e por isso aceitaram os desígnios de Deus. E no meio dos animais e de outros apetrechos usuais em um curral, puseram a se preparar para a vinda do Salvador, do escolhido para ser o salvador do povo. E ali, naquela noite, nasceu o nosso Rei Jesus. Um nobre dos céus nasce na simplicidade, no meio de seu povo que nem se apercebe disso. Não nasce em palácios ou outros lugares luxuosos como muitos acreditavam que viria ao mundo. Mas na pobreza e os animais são o símbolo disso. Ha também um anjo e alguns pastores no retrato do nascimento do Cristo. Eles também significam essa simplicidade. O anjo é o emissário de Deus. Através dele, Deus acolhe a todos e chama-nos a ser testemunhas vivas da Sua criação. E nós? Nós nos propomos a ser testemunhas do nascimento de Cristo ou preferimos ficar quentinhos dentro de nossas estalagens aquecidas? Aonde pretendemos estar? Vamos ouvir o chamado de Deus através de seus anjos? Preferimos fechar os ouvidos dos nossos corações?

Paralelamente ao nascimento de Cristo, ou melhor, fazem parte ainda da ilustração, uma estrela e três “reis”. O evangelista Mateus relata que “tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém”. Mateus não diz quantos eram, nem que eram reis. Mas a história da época nos mostra que no oriente os sacerdotes também eram considerados “reis”. Mas isto não é o importante. O importante mesmo é a estrela de cinco pontas e os viajantes do oriente que chegavam para adorar ao Senhor. Magos. Não judeus, mas magos, é como Mateus se refere a eles, talvez querendo aí demonstrar que os povos pagãos, que não-judeus acreditaram na vinda de um Salvador da humanidade. A estrela de cinco pontas teria um significado de todo especial de nos situar geograficamente. Cada ponta siginifica um ponto cardeal: norte, sul, leste e oeste, convergindo a uma ponta central, a que indica o céu que significa o Senhor Jesus. Vemos assim que desde o nascimento do menino Deus, já estava traçado o seu e o nosso destino. Jesus viria a ser desprezado pelo seu povo, pelos judeus, sendo reconhecido entretanto, por nós, não judeus, povos pagãos, de cultura e adorações próprias. Esta é uma das reflexões neste dia. Não importa aonde estejamos, não importa o que vivemos hoje em dia. Se reconheçemos em Jesus a superioridade de Deus, devemos convergir para esta verdade, para a Verdade que nos indica o céu, que nos leva para Deus. Devemos assim nos converter aos ensinamentos de Cristo. Escutar suas Palavras e colocá-las em prática. Abdicar dos velhos constumes e aceitar a nova forma de vida que Jesus coloca a nossa disposição: a virtude em busca da Santidade. Sigamos a estrela de Belém e nos coloquemos a adorar ao Senhor Deus menino.

Mas um dos maiores simbolos presente no presépio é a manjedoura. E o que é uma manjedoura? É o artefato utilizado para colocar a ração, a comida do animais. A manjedoura foi utilizada como berço do menino Deus. E o que isso significa? Significa que desde seu nascimento aquele menino já estava predestinado a se dar em alimento ao seu povo. Nascia ali o pão que viria a saciar nossa fome. E isso Jesus viria a nos dizer mais tarde como relata João 6.51 “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo”. Neste ponto pergunto: qual será o nosso alimento nesta noite em que celebramos o nascimento do nosso Salvador? Do que vamos nos alimentar nesse dia? Vamos nos empanturrar das guloseimas que tradicionalmente colocamos em nossas mesas ou vamos procurar nos fartar do pão vivo que neste momento está nascendo para nos dar o sustento que nossas almas precisam?

Se você, como eu, ainda não montou seu presépio, quando o fizer, vá colocando peça por peça e medite no significado rico de cada uma. Se você já montou, então pare diante dele, analise a posição de cada membro daquela representação e ore. Ore pedindo a Deus que lhe ajude a montar em seu coração o seu presépio. Como fez com os magos, mostre a você o caminho para se chegar até Aquele que vem nos indicar o céu; que Deus prepare em você a manjedoura que vai receber o pão vivo que desce do céu, saciando-lhe da fome de justiça; como aos pastores, conceda-lhe a graça de poder ser testemunha de Sua obra. Pensemos nisto e nos convertamos a um verdadeiro natal cristão.

Na paz de Cristo, e no amor de Maria e José...

Um comentário:

  1. Augusto, paz e bem!

    Eu já montei o meu presépio, e você está completamente na unção, ao escrever esta bela reflexão. O que mais me chamou a atenção foi a pergunta relativa a como estou preparando a "cidade" para receber o Salvador.

    Continue firme na sua marcha. Não se acabrunhe frente às dificuldades - elas são presentes que recebemos para fortalecermos a nossa fé.

    Abraços fraternos,

    Gisèle - Equipe Rio de Deus

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