domingo, 28 de junho de 2009

Pedro e Paulo, Apóstolos de Cristo

Paz e bênçãos amados,

A Igreja Católica celebra hoje, sonelemente, Pedro e Paulo, alicerces da Igreja de Cristo. Nesse dia dos seus nascimentos para os céus, também celebramos o dia do Papa e, antecipadamente, o encerramento do Ano Paulino.

Pedro que durante toda uma vida foi um pescador, um homem rude, praticamente sem instrução a não ser o que a vida lhe ensinara, foi um dos primeiros seguidores de Jesus, quando Ele ainda pregava na Galileia e, por falta de espaço na sinagoga, pediu que Simão, nome primitivo de Pedro, o levasse em sua barca a um ponto afastado das margens do lago para que pudesse falar à multidão que ali se aglomerava. Pedro não conhecia a Jesus, mas certamente já havia ouvido falar de suas proezas e maravilhas e não deixou de atendê-lo. Após o sermão daquele dia, Jesus perguntando a Pedro sobre a pesca, ouviu dele uma resposta em tom de desanimo que teria sido mal sucedida por causa da escassez da época. E nisto Jesus lhe diz para irem à águas mais profundas. Mesmo incrédulo, Pedro foi com Ele, e contrariado jogou a rede que acabara de lavar, mas as maravilhas na vida de Simão começaram. Os peixes caíram-lhe na rede e não parava mais. Eram tantos que foi necessário chamar mais barcos para ajudar a trazer para a margem a quantidade de peixes.

Diante disto, não poderia de Pedro tomado outra atitude senão reconhecer naquele homem, Sua divindade e, humildemente, pedir para que Jesus dele se afastasse pois era um pecador.
Mas Jesus não ouve o que Simão lhe fala e lhe diz para segui-lo pois ele passaria a partir de então ser pescador de homens. E Pedro foi com Ele. Pedro ainda iria ao longo da sua jornada com Jesus vacilado mais tantas outras vezes, como quando deveria ter demonstrado sua fé, andado sobre as águas, quando interpelou Jesus dizendo que Ele não morreria, que não sofreria sua Paixão, quando demonstrou sua impaciência quando Jesus lhe perguntara sobre seu amor para com Ele, quando desembainhou sua espada ferindo um dos soldados que fora prender Jesus e, a mais célebre de todas, quando negou por três vezes que Dele fosse seguidor. Mesmo assim, mesmo diante de tantas demonstrações de destemperos humanos, Cristo lhe confiou as Chaves do Reino, declarando unido, aliançado, tudo o que fosse por intermédio dele ligado, aprovado e fazendo dele, o pilar da Igreja de Cristo na Terra.

Paulo, cujo nome de batismo era Saulo, nasceu em Tarso em uma família rica tendo aos 14 anos começado a receber uma educação rabínica, que o iniciaria com mais profundidade nos ensinamentos das Leis Judaicas. Mandado a estudar em Jerusalém, tomou conhecimento de uma seita que surgia e pregava ensinamentos contrários ao judaísmo e por isso, começou a persegui-la de forma imbatível. Era como um soldado, um “militar” do Templo dos Judeus e servia aos Sumos Sacerdotes na tentativa de exterminar os cristãos. Assim era Paulo. Ao contrário dos 12 apóstolos, tinha educação. Era rico, conhecedor das leis judaicas e também gregas, tinha acesso aos romanos. Gozava de um prestígio que lhe trazia muitos benefícios, em todos os sentidos. Paulo não conheceu Jesus pessoalmente, embora tenha vivido em sua época. Tão pouco sabia quem o tinha sido, talvez pela falta de informação, haja vista a dificuldade de noticias entre as cidades mais distantes. Mas conhecendo a seita que surgia e se declarando um defensor das leis mosaicas, foi mandado pelos sacerdotes à Damasco onde, no caminho, teve seu encontro com Aquele que viria mudar toda a sua vida: Jesus que neste tempo, já não mais habitava em nosso meio. Paulo pe jogado por terra de seu cavalo, fica cego e é mandado para os braços daqueles que perseguia. Inteligente e dotado de cultura, não foi difícil para Paulo aprender muita coisa a respeito de Jesus. Mesmo sendo considerado um traidor e tendo a desconfiança dos cristãos, Paulo foi recebido por eles em seu meio, e mandado a pregar fora de Jerusalém, tendo passado pela Grécia, Macedônia e o que hoje seria a Europa. Por pregar para não judeus e dado a eles a possibilidade de também conhecer a Salvação, Paulo foi chamado Apóstolo dos Gentios.

Pedro e Paulo se encontraram por uma primeira vez, em Jerusalém quando Paulo quis aprender mais sobre Jesus. Mais tarde, já próximos de suas mortes, encontram-se uma outra vez em Roma, aonde conviveram ainda mais um pouco. Embora a distância e seus chamados os impedissem de participar mais ativamente juntos, seus corações estavam unidos, pois ligados por Aquele que havia morrido na Cruz para a salvação do mundo.

Celebrar estes dois homens de Deus deve ser, para todos os cristãos, algo de muita honra. Pedro, por ter sido um seguidor de Cristo que mais se parece conosco, homens mortais, dotados de toda sorte de descrença, pessimismo, rudeza, impaciência, etc. Mas, mesmo diante dessa sua “desqualificação”, Jesus lhe abandonou ou escolheu outro para apascentar Suas ovelhas. Pedro é considerado pela Igreja Católica o primeiro Papa, denominação esta que só viria a surgir séculos mais tarde, por ter sido um dos primeiros “bispos” de Roma. Mas Pedro deve ser visto como algo maior. Pedro foi o primaz de Jesus. Aquele homem que, mesmo com atitudes tão distantes de tudo o que Jesus pregava, foi por Ele escolhido para levar a sua Palavra e seus ensinamentos. Já Paulo, não era rude, ao contrário, era um homem rico, de posses, de cultura, de prestígio, mas que literalmente cai do cavalo. Foi derrubado de tudo o que ele acreditava ser o certo e tal como uma criança que nasce para aprender, fica cego, sendo sua visão restaurada aos poucos e a partir de então vai ao mundo levar a Boa Nova.

Pedro e Paulo representam assim, a força e a garra dos Evangelistas. Representam a fé de homens que se converteram, que foram modificados ao contato com Jesus e Dele não se desgarraram nunca mais. Saíram pelo mundo a pregar, a ensinar tudo aquilo que viveram e que lhes tinha sido passado. Ensinaram aos judeus inicialmente, pois Cristo era Judeu, mas também aos Não Judeus, aos Gentios, ao mundo que nós fazemos parte. Assim a Palavra nos chegou. E assim nos vemos obrigados a continuar difundindo-a.

Assim amados, hoje Jesus nos Chama, nos tira do mar e nos joga fora do nosso cavalo, nosso estado de prostração, de acomodação e nos manda a mares profundos, a outras cidades fora da “Jerusalém” que conhecemos e da qual já participamos e somos irmãos, para pregar Seus ensinamentos, dar a vida pela Palavra se preciso for, com será pois está escrito em Mateus 10 que, por sermos seguidores de Cristo, iremos também ter que pegar a nossa cruz e carregá-la.

Amanhã, dia 29 de junho, a Igreja encerra o ciclo das celebrações pelo Ano Paulino. Durante este um ano foram feitas homilias, realizados grupos de estudos, simpósios, retiros, enfim, uma série infinita de atividades nos foi trazida para conhecermos um pouco mais deste Apóstolo dos Gentios.
Mas que este ano de celebrações possa para nós merecer um destino diferente dos tantos outros que celebramos e nem mais nos lembramos. Que mantenhamos sempre viva dentro de nós a chama do fogo que foi acesso por Paulo. Que renovados pelos ensinamentos que nos chegaram, pelas Palavras dele, possamos descer de nossos cavalos, de nossos pedestais, de nossa superioridade, as vezes travestida de timidez, e difundir a Boa Nova de Cristo, os Seus mandamentos.

Que este dia se encerre o Ano Paulino, para iniciarmos implacavelmente, por todo o sempre, nossa jornada, fora das nossas “Jerusalém”.

Na Paz de Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário